terça-feira, 2 de novembro de 2010

JB: a saída para o on-line e o futuro do jornal impresso


Nostalgia foi a palavra adequada para definir o Seminário "O JB que nós amávamos", que reuniu, na ABI, jornalistas que viveram os áureos tempos do jornal para um debate sobre tudo aquilo que o norteou durante seus três séculos de vida: o nascimento, a reforma, a época dourada, a crise, o fim da versão impressa e o futuro com a internet. Diferentemente das três mesas antecedentes, designadas a dissecar o passado jotabeniano, a mesa 4, composta por Caio Túlio Costa, Ricardo Gandour, Rosental Calmon Alves e Orivaldo Perin tratou de debater e vislumbrar o futuro do jornalismo com o advento digital.

A mesa começou citando a agonia por que passava o JB, clara desde os anos 80 e acentuada com a chegada do século XXI. A decadência financeira do jornal, imerso em dívidas, viu na explosão do fenômeno chamado internet uma interessante saída para a sobrevivência. Para tristeza dos leitores mais antigos, o JB passaria a existir só na versão digital: a impressa teve sua última circulação em 31 de agosto de 2010. O episódio pôs em xeque o futuro do jornalismo impresso e sua capacidade de se reinventar sem perder a qualidade, dada a comprovada queda das vendas com o advento da internet. Rosental Calmon Alves, responsável, há 15 anos, pelo pioneirismo do JB na grande rede, comentou que ela, futuramente, deverá expor e informar sobre os fatos, mas sem maior aprofundamento e análise, funções que o impresso deverá exercer. Rosental ponderou ainda que, diante do surgimento da TV e do Rádio, no século XX, muito se falou a respeito do futuro dos jornais, que não sobreviveriam frente às novas plataformas, o que foi desmentido ao longo do tempo. Orivaldo Perin, ex-JB e atual editor executivo do Globo, atentou para o fato de que o maior gerador de lucro das empresas, embora em queda, ainda seja o jornal impresso, e que os grandes portais de informação no mundo, campeões de acesso, mantêm a versão impressa e dela obtêm maior parte da receita. Em contrapartida, Perin ressaltou que a internet como único meio de informação seria excelente para as corporações, que não mais gastariam com a parte industrial da produção de papel, bem como promoveriam um enxugamento das redações, aumentando exponencialmente o lucro.
De unânime, só que o JB "palpável" já deixou saudade.


(fotos: Thamiris de Paiva Alves) 

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