sábado, 15 de janeiro de 2011

Até quando?

O início de 2011 marca mais uma tragédia ambiental que se abate no Rio de Janeiro. Desta vez, a mais violenta da história do Brasil. Chuvas torrenciais causaram deslizamentos que tornaram a Região Serrana irreconhecível. O número de mortes passa de 550 e só tende a aumentar, em virtude de haver áreas ainda inacessíveis, tamanho o estrago causado pela força das chuvas e, óbvio, pela leniência do Estado. Décadas de inchaço urbano e ocupação irregular de morros aliadas à inexistência de políticas públicas de habitação e monitoramento de encostas destruíram milhares de famílias. O governo atual joga a culpa para as gestões anteriores, que `deixaram o monstro crescer`. O pior é saber que, a cada tragédia que passa, a história se repete: mobilização de três semanas da imprensa em busca do chocante e comovente, garantia do governo federal de recursos urgentes às áreas atingidas e assistência total às famílias que perderam tudo. A repercussão da mídia tem data de validade: um mês é muito. Entre histórias e mais histórias, deixam de discutir questões essenciais como o engavetamento (ou inexistência) de projetos parados no Congresso Nacional que buscam uma solução a longo prazo para o problema, bem como a falta de comunicação entre o serviço de metereologia - que previra chuvas fortes - e as autoridades. A falta de políticas efetivas de moradia também é grave, visto que ainda existem muitas famílias que perderam tudo em tragédias antecedentes e foram deixadas à própria sorte.
Ou seja, passados alguns meses, tudo volta ao normal: desabrigados desamparados pelo Estado, encostas e morros suscetíveis a quedas por todo lugar sem qualquer monitoramento ou contenção e um Congresso alheio à urgência de uma solução. Até quando?

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