O discutível senso do arcebispo

Nesta semana, mais precisamente na quarta-feira, o Brasil e o mundo chocaram-se com um triste e absurdo caso ocorrido no Recife. Uma menina de nove anos (sim, nove anos!) foi estuprada por seu padrasto e engravidou. A criança, sem nenhuma estrutura para parir, foi submetida ao aborto. A Igreja Católica interveio no caso excomungando - ou seja, abolindo a realização de qualquer bênção da Igreja, seja casamento, comunhão etc - a mãe da menina e os profissionais que realizaram o procedimento médico. O curioso é que o padrasto, maior causador do lamentável ocorrido, não foi excomungado. O Arcebispo de Recife e Olinda se pronunciou a respeito da posição da Igreja dizendo que há pecados que são hediondos, porém não estão incluídos no seleto grupo da excomunhão, como o estupro, e que o ato de matar um inocente - no caso dois, a menina teria gêmeos - é digno de excomunhão. Na minha modesta opinião, acho errôneo o arcebispo não excomungar o padrasto da menina, pois acredito que violência sexual seja tão grave quanto o aborto, e, nesse caso, era inevitável o procedimento cirúrgico, pois a menina grávida tinha grandes chances de morrer, visto que não possuía mínimas condições de dar à luz por ser apenas uma criança de nove anos. Felizmente, ela está internada se recuperando da cirurgia e passa bem. Já o grande causador de todo o estardalhaço, o padrasto, "absolvido" pelo arcebispo, será indiciado pelo crime cometido e até o fim do inquérito estará preso. Tomara que posteriormente também, que apodreça na cadeia!